História do Jogo de Malha - matéria do Projeto "Esporte Histórico" da Explorer Manager Sport´s

Capítulo I – A origem.

1.      A origem do jogo na Europa.

A Malha é um jogo de origem antiga. Sua prática é relatada desde que começaram a ferrar os cavalos do exército romano. Para ocupar as horas de lazer nos acampamentos, os soldados tiveram a ideia de aproveitar as ferraduras imprestáveis. É provável que populações autóctones, os Celtiberos e os Lusitanos, terem também praticado, talvez antes, jogos de pontaria com concas, ferraduras ou pedras roladas, pois este tipo de jogo, conhecido sob o nome genérico de "jogos de concas", é comum nos países de cultura celta e assimilados, como a  Espanha (Galiza e Cantábria) e a Grã-Bretanha (Horseshoes e Shove ha'penny). O jogo consiste em arremessar as ferraduras em direção a um pino com o objetivo de derrubá-lo.

Jogava-se Malha na França e na Itália em tempos passados e não bem determinados. Fala-se do jogo de Malha em 1490, mas a prova de sua existência vem de um documento francês de 1644. Hoje o jogo francês de pontaria mais aparentado com a Malha é o "jeu du fer à cheval".

Na Espanha há sérias probabilidades de que se chama “juego da Picota”, porém, pode ser conhecido por outros nomes.

Em Portugal esse esporte, caracterizado pelo arremesso de ferraduras, sempre foi muito popular nos séculos XVII e XVIII. O padre Raphael Bluteau, pregador da Rainha Ana de Grã-Bretanha, define com o nome de jogo do “Fito” que no Vocabulário Português e Latino em 1713 significa - um pauzinho fincado no chão (...) coisa que atiravam os antigos em diferentes jogos. Fito também se chama o jogo em que se põe um tijolo em pé, a que se atira para derruba-lo ou para ficar mais perto dele. Também com o nome de “Chinquilho” onde traços disso são perceptíveis na linguagem usual, nomeadamente no verbo achincalhar (ridicularizar, escarnecer, rebaixar, humilhar) passatempo tradicional das classes mais desfavorecidas. Do ponto de vista das classes médias e superiores, quem se prestava a jogar o Chinquilho em público, no meio do "povão", rebaixava-se, ou seja, « achincalhava-se ».

O jogo do Fito é uma variante nortenha do Chinquilho, criada por pastores, praticada assiduamente em todas as aldeias do distrito de Bragança em Portugal.

Exportado para a América do Norte, a sua popularidade nos Estados-Unidos é comparável à da “Petanca” em França, ou à do jogo do “Fito” em Portugal. Nos Estados Unidos tem o nome de “Quoits” e é jogada com discos de aço com um furo no meio e lançada a grande distância, objetivando atingir o pino que se encontra dentro de um círculo. Como o campo é de grama, o disco ao atingir o círculo permanece ali enterrado.

Há o “Shuffleboard” outro tipo parecido de Malha, porém jogado sem o pino, e no lugar do círculo encontra-se um grande triângulo com várias áreas demarcadas. O disco é lançado com um taco especial e o campo também possuí as bolinhas de plástico para deixar o disco deslizar.

Na Colômbia o jogo da Malha chama-se “Tejo”. Há o “Curling”, jogo tradicional dos jogos de inverno. Um tipo de pedra (o disco) que é empurrada com o objetivo de atingir o centro de um círculo a certa distância. No jogo tradicional sobre o gelo, os jogadores podem limpar a superfície a ser percorrida pelo disco enquanto ele se movimenta. Existe uma versão americana chamada de “Summer Curling”.

FONTE: Wikipédia (www.wikipedia.com.br)

2.      A origem do  jogo no Brasil.

Uma história de luta e amor para regularizar um esporte que já era praticado em São Paulo no fim do século passado.

O introdutor do jogo de Malha no Brasil não se sabe quem foi ao certo. Há evidências que este jogo é de origem portuguesa, porque em Portugal joga-se o “Fito”, muito parecido com o nosso jogo de Malha.

Chegamos à conclusão de que o jogo da Malha é Paulista e muito Brasileiro em vista de terem sido os Paulistas a darem os primeiros passos para a regulamentação desse Esporte.                                                                                                                                                              

3.      A Malha como Educação Física.

Há muito pouco tempo o desporto da Malha era considerado como jogo praticado por velhos. Atualmente, porém, muitos jovens praticam esta modalidade desportiva, fato atestado pelo grande número de atletas menores de 21 anos registrados como jogadores das associações e ligas na Federação. Como exercício físico, a Malha tem a vantagem de não desgastar fisicamente o atleta, a não ser que o mesmo jogue mais de uma partida, o suficiente para o exercício diário.

Em comentário sobre o desporto da Malha apresentado no 2º Congresso de Educação Física realizado em São Paulo foram dadas a conhecer a vantagem desse esporte com relação ao desenvolvimento físico. Os movimentos para arremesso das malhas visando atingir o alvo postado a 34.30 m. desenvolvem a vista, tronco, pernas e braços, ficando assim comprovado o benefício dessa modalidade na Educação Física.

Capítulo II – A evolução.

1.    História do Jogo.

A história do jogo da Malha é proveniente de relatos de um veterano batalhador deste esporte, o sr. Arthur Bastos que pertenceu à primeira Diretoria da F.P.M. e a quem devemos o início dessa história, que foi completada com as cansativas buscas feitas nos arquivos da Federação. Segundo narração do próprio sr. Arthur Bastos, desde 1890 ou mesmo antes, já se podia constatar o agrupamento de pessoas ao entardecer (ele que nessa época possuía 7 anos de idade) perto de sua casa à Rua 25 de Março, próximo ao Rio Tamanduateí, homens que após um dia de serviço, se encontravam para jogar Malha em terreno improvisado, divertindo-se com essa prática e que hoje possui uma legião incontável de adeptos.

Esses primeiros malhistas jogavam com os mais variados objetos, pedaços de pedra, ferraduras ou pedaços de chapas de ferro dos mais variados formatos e tamanhos.

Os pinos também não tinham um padrão, mas a contagem de pontos era a mesma da atualidade sendo quatro pontos por pino derrubados e dois pontos por malha mais próxima do pino. Não haviam ainda as faixas de demarcação de arremessos e de laterais, assim como não haviam as medidas certas do campo. As partidas eram, em sua maior parte, disputadas em 24 pontos no mano a mano (individual) e em maior contagem quando jogavam em 4 parceiros.

2.    Legalização.

Prosseguindo sua narração o sr. Arthur Bastos conta que com o passar dos anos ele percebeu que a Malha não era praticada somente perto de sua casa, mas também em vários Bairros da Capital. Notou ainda que a Malha era praticada nas ruas da Lapa, Bom Retiro, Alto do Pari, Belém, Moóca, Cambuci, Ipiranga, podendo adiantar que se valendo de um assentamento em seu poder no Jardim América já se formava uma Associação (isso em 1931), a Eugênio de Lima que foi a primeira a ter sua praça de esporte iluminada. No Bairro de Santana surgiu o C.M. Sant’ana e no Belém surgiu o C.M. Catumbi acompanhando a Eugênio de Lima. Em Santana surgiu também o C.M. Vila Izolina, que também teve sua praça de esporte toda iluminada. Assim foi a Malha introduzindo-se em todos os recantos e se fazendo cada vez mais admirada, tornando-se um esporte muito praticado. Havia muito prazer em jogar a Malha, acompanhada da rivalidade entre os competidores. A disciplina entre os disputantes era observada rigorosamente com um comportamento edificante por parte dos vencidos e vencedores que sempre esperavam maior sorte em outra partida ou a confirmação de sua vitória. Como a tradição de um esporte acompanha os acontecimentos nos anos, a Malha pode se orgulhar de ser o esporte que se conserva quase inatingível pela turbulência entre os atletas, associações ou mesmo em sua torcida, não aparecendo litígios de relevada importância ou atitudes disciplinares contra autoridades desportivas, embora não falte o entusiasmo bem como a rivalidade necessária entre as associações para o engrandecimento do esporte da Malha. Continuando com o seu relato, diz o Sr. Arthur Bastos que verdadeiros líderes detiveram em suas mãos o destino do esporte da Malha. Esse esporte tão generoso em simpatia, tão atraente pela conduta dos participantes, tão cheio de atração pela modéstia de sua prática. Esses líderes, como verdadeiros ponta de lança abriram o caminho para a glorificação da Malha “ESPORTE DOS HUMILDES NO PRINCÍPIO PARA SER O ESPORTE DE TODOS NOS DIAS DE HOJE”. Assim é que vemos reunidos em quadro de superior moldura num período de transição e incertezas que passou a direção da Malha Paulista sem uma determinação superior que viesse orientar com precisão - os antecessores que lideraram esse esporte. Com a Fundação da Liga Santana precursora da atual Federação Paulista de Malha, iniciou-se a organização do desporto em São Paulo. A Assembleia Geral das Associações do Bairro de Santana foi convocada em 1931 em meados de Abril com 15 dias de antecedência, para que as Associações tivessem tempo suficiente de se prepararem para a mesma, pois seriam consideradas fundadoras as associações que a ela comparecessem. Assim naquele ano iniciou-se de maneira regular o desenvolvimento da Malha, reunindo-se nessa Assembleia as seguintes associações: C.M. Santana, C.M. Claudino Alves, C.M. Conselheiro Saraiva, C.M. Marechal Hermes, C.M. Chora Menino, C.M. Glicério, C.M. Vila Izolina, C.M. Vila Ladário e C.M. Lusitano. Estas foram consideradas as associações fundadoras da Liga de Malha Santana. Foi eleita então a Diretoria para dirigir os destinos da nova entidade que passava a funcionar na Rua Conselheiro Saraiva. A Diretoria era assim composta: Presidente - João Pinto Ferreira, Vice Presidente - Jaime Pinto Ferreira, Secretário Geral - Arthur Bastos, 1º Secretário - Fabiano Meyer, 2º Secretário - Adelino Ferreira Carvalho e Tesoureiro - José Joaquim Roque.

3.    Outras Ligas.

Como sempre ocorre não faltaram obstáculos para a nova entidade. Duas outras Ligas foram criadas por interesse particulares no intuito de dividir o esporte bem iniciado. A Liga capitaneada pelo City do Bairro da Lapa e outra fundada no Bairro do Catumbi. Entretanto o facho luminoso do desapego do interesse pessoal que tudo renuncia pelo bem do esporte e do interesse da coletividade, que brilhava na inteligência e no coração dos homens da Liga de Malha de Santana foi a muralha que serviu de anteparo ao golpe dos dissidentes. Essas duas Ligas ofereceram o material para a têmpera esportiva da Liga de Malha de Santana e passada a prova enviaram ao Conselho Superior no Rio de Janeiro o Major Rômulo de Rezende, a fim de acertar com a Presidência da Confederação Brasileira de Desportos a criação de uma entidade Superior.

4.    A Federação Paulista.

Retornando do Rio de Janeiro o enviado da Liga de Malha Santana trouxe ordem expressa para a formação da Entidade superior que passou a ser a Federação Paulista de Malha fundada em 10 de Dezembro de 1933.

FONTE: Federação Paulista de Malha (www.federacaomalha.com.br)

Capítulo III – A estrutura organizacional.

1.    A Confederação Brasileira de Malha.

Fundada em 6 de novembro de 2003 a entidade máxima do desporto tem sua sede atual no mesmo endereço da Federação Paulista de Malha que fica na Rua Dona Germaine Burchard nº 483 no Bairro da Água Branca no município de São Paulo. A Confederação Brasileira de Malha promove a Taça Brasil de Clubes e o Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais. A Taça Brasil de Clubes é realizada desde o ano de 2004 e o Brasileiro de Seleções já vinha sendo realizada periodicamente desde 1959.

2.    As Federações Estaduais de Malha.

No Brasil existem seis Federações estaduais de Malha. A Federação Paulista de Malha (São Paulo), a Federação de Malha do Estado do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), a Federação Mineira de Malha (Minas Gerais), a Federação Paranaense de Malha (Paraná), a Federação Sul Matogrossense de Malha (Mato Grosso do Sul) e a Federação do Distrito Federal de Malha (Distrito Federal). Essas federações são responsáveis pelo desenvolvimento da Malha em seus estados e da realização dos campeonatos estaduais com os clubes filiados. Também são as federações que convocam e formam as suas seleções para a disputa do Campeonato Brasileiro.

3.    As Ligas Municipais de Malha.

Existem algumas Ligas Municipais e Regionais de Malha localizadas nos principais estados onde a Malha é praticado. No estado do Rio de Janeiro há a Liga Sul Fluminense de Malha na cidade de Volta Redonda. Em Minas Gerais a Liga de Malha de Juiz de Fora e a Liga de Malha de Ipatinga. Em São Paulo há um maior número de Ligas. A Liga Santoandreense de Malha (Santo André), a Liga Osasquense de Malha (Osasco), a Liga Municipal de Malha de Mogi das Cruzes (Mogi das Cruzes), a Liga Municipal de Malha de Caçapava (Caçapava), a Liga de Malha de Pindamonhangaba (Pindamonhangaba), a Liga Jacareiense de Malha (Jacareí), a Liga Sebastianense de Malha (São Sebastião), a Liga Municipal Indaiatubana (Indaiatuba), a Liga Ararense de Malha (Araras), a Liga Bauruense de Malha (Bauru),a Liga Sorocabana de Malha (Sorocaba), a Liga Mogiana de Malha (Mogi-Guaçu), a Liga Joseense de Malha (São José dos Campos), a Liga Pirassununguense de Malha (Pirassununga) e a Liga Guarulhense de Malha (Guarulhos).  As Ligas são responsáveis pelo desenvolvimento do esporte em seus municípios e regiões que abrangem, promovendo as competições oficiais e convocando suas seleções municipais.

Essa matéria foi elaborada pela Explorer Manager Sport´s Eventos e Assessoria Esportiva e pertence ao Projeto Esporte Histórico.

Os textos foram extraídos das fontes citadas e a redação foi revista e corrigida quanto a ortografia e gramática.

Atualizado em 2018.